Eu havia prometido escrever uma série explicando um pouquinho mais do carnaval carioca por aqui. Mas sabe como é, seguir os blocos carnavalescos, ir a ensaios de escolas de samba, ir pra Lapa, visitar amigos, isso tudo toma um tempo... Acabou que o carnaval passou e a minha aposta de campeã perdeu. A Vila Isabel esteve magnífica mas se ofuscou pelo brilho do tambor do Salgueiro. Muito bem ganhado, por sinal.
Passei o domingo e a segunda-feira de carnaval vendo os desfiles no sambódromo, tenho apenas uma colocação a fazer: definitivamente pobre se diverte mais. No domingo fiquei no setor 13, o mais distante da passarela e o mais barato, míseros R$10,00. É o último setor por onde a escola passa antes de se despersar. Chegando ao local, muito lotado por sinal, as pessoas vão se aglomerando seguindo a política do "vem que cabe mais um". Se você quer passar, peça licença e passe. Ninguém faz cara feia. As pessoas se aplaudem e fazem da própria arquibancada um show a parte. Partilham a cerveja e torcem para as agremiações como fiéis à todas as amantes. A visão do desfile é prejudicada devido a distância, mas a diversão é garantida.
Já no setor 4, que sai pela bagatela de R$110,00 chegue o mais rápido possível. Os que pagaram este valor querem o local mais privilegiado para assistir ao desfile. Coitado de quem chegou na hora marcada para começar. Das 20h às 7h da
manhã, era briga de meia em meia hora:
"Saia da minha frente!"
"Eu cheguei aqui primeiro!"
Até eu, inocentemente fui motivo para briga. Ao chegar no setor sozinha, me direcionei a um casal mineiro e disse: estou esperando meus pais e acho aqui um bom lugar para que eles me encontrem, quando chegarem eu saio, ok?! Ok só se for para ele, o casal que estava atrás não gostou de eu ter pegado um lugarzinho na frente e desembestou uma briga com esse casal com quem eu falei. Brigaram feio entre si e foram embora. Resultado, quando meus pais chegaram estava eu e um bom lugar para minha família a nossa disposição. Rico joga dinheiro fora mesmo. Era um tal de não me toque e arquibancada parada, que eu olhava para o setor popular e imaginava se havia saído alguma briga ali.
Mesmo com esses imprevistos, foi uma delícia ver as escolas de samba desfilar e sentir o frio na espinha quando a bateria passa pertinho.
Rapidinhas
Eu pedindo para um cara que cuidava desse carro do Império Serrano, escola que contou a história das sereias, samba antigo e que enjoou muito r
apidamente, e que desceu para o Grupo de Acesso: "Moço, posso tirar uma foto aqui nesse carro?!" E ele: "Pode não, DEVE!"
Que coisa linda essa ala do Salgueiro, só quem esteve presente para sentir a energia desses homens! Ui!
Milton Cunha, que não é segredo para ninguém, é uma grande fonte de inspiração minha, após um desfile maravilhoso digno de ser vencedor e aplaudido de pé nas primeiras horas de sol. Um show a parte que garantiu mais beleza após a Viradouro passar. Fechou com chave de ouro.
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