3 de maio de 2009

Como me tornei vingativa - Parte 1

Não sou vingativa. Não acredito que a vingança traga algum benefício prático ao vingador. Não raro trás muita dor de cabeça, isso sim. Me poupando do transtorno que é tramar algo para que alguém que me fez algum mal possa se ferrar, ganhei horas a mais de sono, do que aquelas pessoas que não sossegam enquanto não fazem o outro "pagar". Aliás, sempre segui a linha de pensamento que diz que a vida traz o que a pessoa merece, e por si só isso já é um tipo de vingança, digamos que passiva. Esse é um ponto que muitos se incomodam e soa como um verdadeiro plano maquiavélico: a indiferença.
Mas esse caso que vou contar aqui a coisa mudou um pouco de figura. Assim que terminei o ensino médio, comecei a trabalhar em uma empresa de grande porte. Haviam muitas filiais e a rotatividade era bastante alta. Na repartição onde eu trabalhava a equipe era harmônica e havia um clima de cooperatividade entre os funcionários. Logo fiz amizade com todos, uns logo de cara outros com mais resistência. Me tornei bem íntima de uma garota com a minha idade e logo estávamos saindo juntas para baladas e afins, e conversando sobre os gatinhos da empresa.
Todos estavam subordinados a um diretor que era meio taradão e vivia pedindo às meninas que chegassem mais cedo devido ao montante de serviço a ser realizado. Essa minha amiga, por diversas vezes me perguntava que horas eu chegaria no dia seguinte, para que ela chegasse junto a mim. A minha surpresa era que na hora que eu chegava ao trabalho, ela estava lá há muito tempo envolvida em um monte de papelada, documentos e etc, e o diretor me olhando com cara de poucos amigos como quem pensasse: "chegando tarde, hein mocinha, sua amiga tão esforçada chegou primeiro que você e já pegou no batente!".
Achava muito esquisito aquilo mas ainda não tinha maldado a coisa. Eu e a tal garota vivíamos conversando e rindo sobre tudo em um determinado setor onde o diretor não costumava ir com frequência. Quando era para ser feito atendimento ao cliente, a garota tinha a maior presteza. E eu vendo aquilo, continuava trabalhando com os documentos na minha mesa e com meu computador.
Como já havia dito, fiz amizade com todos da repartição e uma dessas pessoas, me contou coisas que chegaram ao seu ouvido por meio desta minha amiga. A garota havia dito para ele e para o diretor que eu era uma preguiçosa, que só queria conversar e a impedia de trabalhar com meu papo furado, e que por diversas vezes notou que quando o diretor nos chamava para chegar mais cedo eu me atrasava enquanto ela estava lá às 7h da manhã esperando a sala abrir. Você deve estar se perguntando porque um cara qualquer me contaria isso. Em 1º lugar homem gosta mais de fofoca do que mulher. Em 2º lugar, ele achava bem esquisito o fato de ela viver me abraçando e dizer que se sentia melhor por eu estar ali trabalhando com ela, e depois me delatar para o diretor.

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