28 de novembro de 2008

O pedaço de Alagoas que carrego em mim

Tenho um pedaço de Alagoas que carrego em mim que eu adoro de paixão. Ele carrega um teatro mágico dentro dele, e tenho a honra de ter ocasionado este encontro. Vai passar na faculdade de direito e vai encontrar um amor pra vida toda. Vai ter a minha amizade pra vida toda. Entre idas e vindas dos amigos virtuais que não encontrei pessoalmente, ele ficou e vai ficar só enquanto eu respirar. Sinto saudades de encontrá-lo e ele dizer: "só vim te dar um oi, estou saindo pra estudar". Ele carrega o sotaque mais lindo do mundo - o nordestino, e o coração mais conturbado e lindo também. Em menos de um mês fará 3 anos que nos conhecemos e que seja só o início de um ciclo de mais 3 e mais 3 e mais 3 e....

26 de novembro de 2008

AJUDE os desabrigados da enchente em Itajaí - SC

Enchente em Itajaí - Saques em hipermercados e casas dos moradores

(Antes de mais nada quero agradecer a todos que comentaram nas fotos. É possível ainda acreditar no ser humano. É maravilhoso saber que o Brasil inteiro sente o que está passando o povo itajaiense e se mobiliza com isso. Todo mundo pode ajudar com alguma coisa. Qualquer que seja. Continuem orando e pedindo à todas as forças que regem este universo para que possamos sair desta situação o mais rápido possível)

Não tem nada tão ruim que não possa piorar. Esta parece ser uma grande verdade quando se trata da enchente que atingiu as cidades do Vale do Itajaí e região. Como se não bastasse os moradores perdendo seus bens materiais e tendo que deixar suas casas, pessoas de má fé se ofereciam suas bateiras para locomover as pessoas desabrigadas para onde quisesse, mas por um preço de R$10,00. A tragédia não estaria completa se estas pessoas não entrassem nas casas das vítimas para lhes roubar o pouco que restou. É realmente lamentável. O ladrão te leva embora de sua casa e retorna para lhe roubar. Já no hipermercado Maxxi atacadista uma grande massa se dirigiu ontem pela manhã para saquear o mercado. Segundo um dos saqueadores, já eram 19h e ainda havia gente levando coisas para casa. Uma pessoa que estava lá para saquear o mercado disse que devido a comida ter acabado, ele estaria levando refrigerantes pois não beberia água suja.

Vale lembrar que hoje, o galão de 20litros da água está custando em média R$20,00. Pessoas saíram do hipermercado com carvão como se fossem fazer um churrasco em comemoração à ausência de trabalho, ausência de escola e principalmente, ausência de policiamento. Havia pessoas fazendo geladeiras de bote, com mercadorias caras em seu interior. TVs de Plasma e LCD na cabeça das pessoas sendo levadas para suas casas. Segundo um saqueador, os mais ousados, em suas bateiras, levavam para casa engradados de Skol, Coca-Cola, Água saborizada, e estouravam champanha, brindavam e atravessavam o rio que se transformou a avenida. Famílias inteiras saqueando o hipermercado, crianças de 7 anos carregando cerveja para os pais.

Tal saque não seria tão terrível se as mercadorias saqueadas fossem repartidas com quem perdeu absolutamente tudo com esta tragédia. O que me ocorre é que estas pessoas agora, suponho que em casas que não estão debaixo dágua, estão curtindo sua TV de Plasma, sua geladeira SidebySide, fazendo churrasco e bebendo cerveja. Absolutamente sou contra o roubo, mas se a população de uma cidade inteira hoje está desesperada por artigos de higiene, água, cobertores e há um apelo em massa para a colaboração dos cidadãos itajaienses, nada mais coerente que distribuir as mercadorias apreendidas ilegalmente com quem tem menos ainda que você, tal qual Robin Hood. Que cultura é essa? Que cultura de esperteza é essa que foi, está sendo e será passada para as crianças?? Enquanto estes espertos estão aproveitando seus mais novos bens, o cidadão de bem de Itajaí vai se virando para compartilhar o que tem nos armários com as pessoas que estão lá nos abrigos.

CIDADÃO DE BEM DE ITAJAÍ, não deixe de colaborar com quem está em uma situação tão caótica. Tal situação poderia acontecer com qualquer um de nós, de Norte a Sul. Não deixemos que a voz dos espertinhos calem a boa vontade dos bons. Vamos ajudar com o que podemos.


NOTA: Estou extremamente feliz pela iniciativa do povo carioca está se mobilizando para procurar postos de entrega de alimentos entre outros artigos.


É isso aí, pessoal. Somos todos Brasil. Vamos nos mobilizar para ajudar o nosso próximo.

Chuva castiga moradores de Itajaí

Foram divulgadas mais imagens da catástrofe da natureza nas cidades do Vale do Itajaí. Triste.


Fotos de Amanda dos Santos

25 de novembro de 2008

3º dia de enchente na cidade de Itajaí

A chuva deu uma trégua, mas a previsão é de que para a tarde comece tudo de novo, só voltando a normalizar o tempo na quarta-feira.

Aos estudantes da UNIVALI, embora a universidade não tenha aulas nem serviços administrativos no dia de hoje, é importante que quem possa vá ajudar aos desabrigados no campus de Itajaí, que foi cedido pelo reitor Provesi.

Enchente continua castigando moradores de Itajaí

Fotos de Jean Aragão





24 de novembro de 2008

Blumenau está o caos - Enchente em SC

Fotos do orkut de Déia, de Blumenau.








Fotos da enchente - Balneário Camboriú e Itajaí

Quem me conhece sabe que eu não sou supersticiosa. Mas não é esquisito que a pouco tempo atrás, foi feito um documentário pela RBS TV em homenagem aos que perderam tudo na última enchente e assim... de repente, 25 anos depois, uma enchente pior ainda??

Hein?






(Univali - Itajaí)















(Balneário Camboriú)


Recebidas por e-mail por Priscila Demarch

22 de novembro de 2008

Onde o mundo vai parar?


Cada vez acredito menos no ser humano. Onde o mundo vai parar com pessoas escrevendo desse jeito? Sena? Forao? Espuço? Apois? Ese?

OMG.

Dilúvio em Itajaí - Santa Catarina

Prezado(a) Acadêmico(a)

Devido às fortes chuvas e aos alagamentos em Balneário Camboriú , Itajaí e Região, hoje à noite 21/11/2008 as aulas estão suspensas.

Um ótimo final de semana e de tempo bom.

Um grande abraço

Prof. Pedro Antônio Geraldi

Coordenador do Curso de Psicologia

Centro de Ciências da Saúde.

UNIVALI/Campus Itajaí.

E assim estava a tal da Universidade do Vale do Itajaí...
E se a chuva ajudar, segunda-feira também não terá aula.

































Fotos de Renatinho Cândido

21 de novembro de 2008

Lívia, parte 3


Voltei para a casa pensando nas perguntas que ele havia me feito. Algumas pessoas insistem em conversar depois de transar. Pior, algumas pessoas sentem a estranha necessidade de filosofar enquanto eu quero pura e simplesmente dormir. Dá vontade de gritar: "Porra, eu acabei de ter um orgasmo, não fumo e não bebo, pode me deixar dormir em paz?". Minha religião não permite, retrocedi e respondi sua pergunta. Meu nome hoje é Lavínia, e inquieto dizia querer saber quem eu havia sido ontem. O ontem já passou, e amanhã não saberei dizer quem serei. Você sabe? "Quantos personagens habitam em você Lavínia?". Patético. Quantos forem necessários para viver todas as paixões que eu tiver vontade. Qualquer paixão me diverte. Adormeci e quando acordei vi o seu bater em seu rosto, ele ainda dormindo nem percebeu que eu o admirava.
Eu sou uma prostituta. Não faço por amor. Mas beijo na boca e durmo de conchinha com meu parceiro de uma noite. O pagamento é adiantado, assim como você paga antes de saber se o drink que está pedindo será gostoso. Faço porque qualquer paixão me diverte e eu realmente amo sentir o toque de mãos diferentes todos os dias em meu rosto, meu cabelo, minha cintura. Gosto de saber que não terei que dizer aonde, porque e com quem para ninguém. Aproveito o máximo do beijo, do gosto do sexo, das juras de amor que se perdem no vento. Eles dizem que vão me tirar dessa vida. Não vão. Se Deus quiser a gente nunca mais vai se encontrar e eu não precisarei fazer as vezes da sua mãe te cobrando a toalha em cima da cama, de sua irmã te pedindo para sair do computador. Fico contigo por uma noite e te faço acreditar que seu membro é a coisa mais incrível que já vi na vida. Que sua voz me arrepia. Talvez seja verdade. Talvez não. Talvez eu não tenha motivos pra fingir.
Volto para casa toda manhã e percebo que está tudo no lugar, meu corpo está satisfeito. Busco então conforto para minha alma.
Mas hoje, somente hoje, vou me dar ao luxo de ficar aqui deitadinha sem ouvir, sem falar, sem pensar. Me sinto protegida, úmida, limpa, confortável, em paz. Não quero dividir a fala, manter o tom, o tempo, a intenção e contar história. A cada dia faço a escolha certa para um jogo não tão certo assim. Hoje só não quero jogar.

20 de novembro de 2008

Hora de elaborar o luto - memórias de uma saudosista


Estamos quase chegando em 2009 e eu ainda possuo essa gestalt aberta. Naquele dia em que abandonei o meu trabalho para vir para Santa Catarina me matricular na faculdade - em uma escolha um tanto quanto alienada, mas correta - comecei a morrer um pouco em mim. Não me despedi de ninguém, dos amigos que me acompanharam na escola ou dos amigos dos meus 3 meses de farmácia. Havia a falsa ilusão de que era provisório. Eu voltaria quando terminasse a faculdade. 5 anos. As pessoas mudam em 1 mês, porque não mudariam em um ano? De onde tirei a idéia de que em 5 anos a amizade continuaria intacta como se tivesse sido congelada como sêmem pronto para ser utilizado quando bem entendesse? Quem disse que os valores não mudariam e tornariam impossível a convivência?
Eu me morri por não saber me viver em uma cidade desconhecida, como das muitas vezes em que tive que fazer e ao atingir o sucesso reviver todo esse processo. Hoje vejo o quanto fui resistente e o quanto me privei de viver uma vida mais agradável por estar presa ao passado. Estudar no Colégio Pedro II me traz muito orgulho, não por ter sido o primeiríssimo colégio brasileiro, no quintal da casa de Dom Pedro I, mas das pessoas que ali conheci e como disse Nelson Rodrigues, o aluno do Pedro II é
"o mau aluno (tomara que seja), mas que natureza cálida, que apetite vital, que ferocidade dionisíaca. "
Vou me recordar com carinho de quando bebemos vodka com coca-cola atrás do colégio e no dia seguinte a diretora procurar justamente a nós para prestar conta do ocorrido (e pegar dois ônibus para ir pra casa sozinha, deitar na cama e vomitar chocolate batom). Da divisão do recreio devido a bebedeira que quase ocasionou a morte da Aisha. Dos boatos de a Natasha ter dado na piscina que fazíamos natação. Do futebol das piranhas. De usar coturno ao invés de sapato de boneca. De ter tido minha primeira "experiência" com minhas melhores amigas. Das passeatas que eu tanto ajudei a agitar mas que nunca participei. Das andanças pelo Rio de Janeiro proporcionadas pelas 144 passagens disponibilizadas pelo governo, seguindo o lema "Quem tem Riocard Vai à Roma". Das aulas aos sábados que proporcionavam as idas ao shopping Nova América. E também quando cansamos de ir ao shopping e o trocamos para ir à Rua da Alfândega. Vocês lembram quando o Rubens pegou R$50,00 com seu pai e comprou praticamente TUDO de cordões de sementes, e ao chegar na escola foi barrado e argumentou que se fossem de ouro o deixariam entrar?
Tudo isso e muito mais vou guardar comigo como lembranças de um tempo bom que eu vivi com vocês: Amanda, Helaine, Jessica, Bianca, Rubens e Nara. Hoje vou abandonar o sentimento de tristeza que me acompanhou durante todo esse tempo. Vou lembrar com saudade, mas não vou contar (e espero que vocês também não) com a minha volta. Daqui a 2 anos e meio vou me tornar uma psicóloga e buscar meu caminho em outros lugares porque o passado não me pertence mais, este ficou lá atrás. A Nara vai ser uma veterinária realizada, Amanda a artista plástica e diretora de teatro, Helaine e Bianca serão historiadoras incríveis, Jessica vai fugir com o circo sendo a mais linda contorcionista e o Rubes vai enfim encontrar sua paz espiritual. E se calhar de nos encontrarmos novamente nesta caminhada, será lindo. Se não, nada mais há pra fazer.

PS.: Só tenho um último pedido: que nosso desejo do encontro de ex-alunos após 10 anos se realize, e se eu puder vou antes!

AMO VOCÊS e deixo-os livres.

Não tenho nada a ver com explosões - Martha Medeiros

EXPLOSÕES

NÃO TENHO NADA A VER COM EXPLOSÕES”, diz um verso de Sylvia Plath. Eu li como se tivesse sido
escrito por mim. Também não faço muito barulho, ainda que seja no silêncio que nos arrebentamos.

Tampouco tenho a ver com o espaço sideral, com galáxias ou mesmo com estrelas. Preciso estar firmemente pousada sobre algo — ou alguém. Abraços me seguram. E eu me agarro. Tenho medo
da falta de gravidade: solta demais me perco, não vôo senão em sonhos.

Não tenho nada a ver com o mato, com o meio da selva, com raízes que brotam do chão e me fazem tropeçar, cair com o rosto sobre folhas e gravetos feito uma fugitiva dos contos de fada, a saia
rasgando pelo caminho, a sensação de ser perseguida. Não tenho nada a ver com cipós, troncos,
ruídos que não sei de onde vêm e o que me dizem. Não me sinto à vontade onde o sol tem
dificuldade de entrar. Prefiro praia, campo aberto, horizonte, espaço pra correr em linha reta.
Ou para permanecer sem susto.

Não tenho nada a ver com boate, com o som alto impedindo a voz, com a sensualidade comprada
em shopping, com o ajuntamento que é pura distância, as horas mortas desgastando o rosto, a falsa alegria dos ausentes de si mesmos.

Não tenho nada a ver com o que é dos outros, sejam roupas, gostos, opiniões ou irmãos, não me
escalo para histórias que não são minhas, não me envolvo com o que não me envolve, não tomo emprestado nem me empresto. Se é caso sério eu me dôo, se é bobagem eu me abstenho, tenho
vida própria e suficiente pra lidar, sobra pouco de mim para intromissões no que me é ainda mais estranho do que eu mesma.

Não tenho nada a ver com cenas de comerciais de TV, sou um filme sueco, uma comédia britânica,
um erro de adaptação, um personagem que esquece a fala, nada possuo de floral ou carnaval, não aprendi a ser festiva, sou apenas fácil.

Não tenho nada a ver com igrejas, rezas e penitências, são raros os padres com firmeza no tom, é sempre uma fragilidade oral, um pedido de desculpas em nome de todos, frases que só parecem ter vogais, nosso sentimento de culpa recolhido como um dízimo. Nada tenho a ver com não gostar de
mim. Me aceito impura, me gosto com pecados, e há muito me perdoei.

Não tenho nada a ver com galáxia, mato, boate, a vida dos outros, os comerciais de TV e igrejas. Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei. Meu mundo se resume ao encontro do que é terra e fogo dentro de mim, onde não me enxergo, mas me sinto.

Minto, tenho tudo a ver com explosões.

19 de novembro de 2008

Livia parte 2


[...]"Ao chegar em casa, lembra do versículo "O Espírito do Senhor fala por intermédio, e a Sua palavra esta na minha língua" (II Sam. 23:2).Passa o batom vermelho, põe sua menor saia, e seu menor top, e sai para trabalhar"[...]

Não sou uma mulher incrível, mas extremamente aventureira. Tomei um taxi na porta de casa, parei dois quarteirões antes do meu local de trabalho, para sentir o clima daquela noite, os transeuntes e até o próprio vento quente de uma noite que chamava o verão. A cada psiu, chamado ou buzinada sentia o arrepio subindo em minha espinha e inconscientemente rebolava ainda mais em meu caminhar. Ao chegar e cumprimentei Suelen e Melissa, gêmeas chinesas que só atuavam juntas. Uma forma de cumplicidade, de proteção, que culminava no fetiche de tantos homens. Observo o movimento dos carros que lentamente passam olhando como estivéssemos em vitrines, tal qual produto que ao gostar paga-se o preço e leva. Sempre fui perversa, escolho meus clientes a dedo, embora responda a todos que a procuram. Assim, estabeleci como meta um preço para cada comprador. Àqueles que não interessava o preço era alto, quase impagável. Ao contrário porém, o preço é acessível aos que por algum motivo me despertasse alguma curiosidade ou fetiche. É óbvio que aqui não estou por necessidade. Diversos carros pararam e permaneci, já estimulada ao ponto de não precisar das carícias preliminares antes do ato. Até que um homem de uma média de 45 anos parou seu carro. Eu que estava sozinha e ao vê-lo, não disse uma palavra sequer, abri a porta do carro e entrei. A música que tocava não me agradou e como quem tem a intimidade de uma relação de anos troquei de estação, abri o vidro do carro e fechei os olhos. Ele sorriu e teve a sensibilidade de não interromper este momento tão sublime.

Se era bonito? Era lindo e quando a lua batia em seu rosto ele contornava com meio sorriso. Não era alto nem baixo demais. Não tinha muitas curvas nem poucas também. Ele tinha olhos de amêndoa, pela doce: algodão. Ele sabia dizer bobagens. Sua boca era fina, ágil, como em um galope. Seus cabelos, de pior marca e conduta, queriam passar certo despojamento. Em vão. Usava belos óculos, de bela armação. Mal sabia o nome que eu tinha naquele momento. Acho que para ele não importava. Pouco nos importa os nomes quando os sexos se endurecem. Mal sabia também minha idade e quando tentei, entre beijos, dizer que eu carregava 210 anos em minhas costas, ele calou minha boca e fez percorrer o meu corpo. Se ele era bonito? Era lindo e quando o sol bateu em seu rosto ele contornava com meio sorriso. Ele tinha acabado de fechar a porta quando me sentei. Ouvi seus passos no corredor, elevador e até que em um levantão fui até a janela acompanhar o seu caminhar. Até nunca mais, eu dizia baixinho, segurando entre as mãos a camisa que ele acabara de usar. Até nunca mais.

Luto de uma noite por Lorena Chaves do Ídolos- a Ló


Ló, e no meio de tanta gente eu vi você! Tô decepcionada de o Brasil ter desclassificado uma cantora incrível como a Lorena Chaves. Nesta noite de quarta-feira, ficaram na berlinda Paulo Cremona, Nanda e Lorena Chaves. Sinceramente a Nanda podia sair da disputa e voltar para os musicais da Disney. A minha conterrânea saiu de lá e não largou o personagem da Nala de O Rei Leão, e toda vez que eu vejo imagino a Nala pulando em cima do Simba e cantando aquela música de amor. A Ló não teve a plasticidade necessária para se adaptar a ritmos como o sertanejo e o samba. E acredito que também tenha pesado para sua saída o mesmo motivo que levou Cassia Raquel de volta para Caxias no Rio de Janeiro: auto-confiança que se converteu em arrogância. "Entregue flores com os olhos", como diz o Marco, jurado do programa, e nenhuma ingeriu a dica. O resultado não poderia ter sido diferente. O babaca do Rodrigo Faro jura que o fato de terem saído da disputa para ser o novo ídolo do Brasil se deve única e exclusivamente ao fato de os telespectadores não terem votado. Uma aulinha de zenbudismo para o ator/apresentador/cantor de leis da ação e reação. As meninas não teriam saído se tivessem cativado o público como os outros participantes.

Mas Ló, tô na sua torcida aqui e da parte desta humilde persona que vos escreve, você sim seria um ídolo!

No aguardo pelo seu sucesso, mineira!


O funk carioca da cantora singalesa nascida em Londres

Pode-se dizer que 9 entre 10 intelectuais desprezam e odeiam o miami bass, o famoso funk carioca. Desde pequena com acesso a MTV pude ver o funk ridicularizado, e exposto de uma forma onde todos condenavam as letras sem conteúdo, as rimas fracas, a erotização, os cantores, enfim, tudo que envolvesse o ritmo mais tocado na favela.
Mas algo mudou quando Mathangi Maya Arulpragasam, mais conhecida como M.I.A. e seu namorado, o DJ Diplo fizeram uma viagem ao incrível mundo suburbano do Rio de Janeiro e decidiram não só produzir diversos funks cariocas, mas também lançar o CD de M.I.A, intitulado Piracy Funds Terrorism. Engraçado como o brasileiro precisa de uma opinião de fora para dar valor ao que é produto nacional. Podemos observar este fenômeno hoje com o próprio samba, produto tipo exportação que muitos jovens que diziam não gostar e agora passam a gostar através de nomes como Maria Rita, Roberta Sá, Mart'nália. Voltando ao funk, pude observar a revolução cultural que M.I.A, nascida em Londres de família do Sri Lanka causou. Gravou a música Bucky Done Gun, com a base da música Injeção da Deise Tigrona e subiu ao palco do Tim Festival com a mesma em 2005. O funk passou a ter um espaço a mais na emissora, que até produziu um documentário sobre o ritmo.
O funk pode para muitas pessoas representar nada além de música sem conteúdo, ou para outros nem ser considerado "música". Porém, basta um olhar um pouquinho mais atento para compreender a diversidade músical, a plasticidade, a resiliência de uma população sofredora e que encontra seus próprios meios de diversão e subsistência, seus próprios medos de passar por cima das adversidades da vida, do medo de não saber se estará vivo amanhã e rir, se divertir e produzir seus próprios conteúdos. Você pode até dizer "-ahhh, os funks antigos é que eram bons, e não essa pouca vergonha que está aí". Meu caro, o tempo mudou, hoje o enf
oque dado não é o de antes, e o funk assim como o rock, o pagode e até a própria MPB tem seu próprio modo de se adaptar a essas mudanças. O mundo caminha de tal forma que lança tendências que também o acompanha. Este não é um caminho traçado sozinho. O funk é sim explícito, caso você seja pudico, dirija-se a igreja mais próxima e se converta. O funk é música sim, de um povo que se expressa de forma criativa e tem sua própria forma de produzir cultura. A sua própria cultura. Queira ou não, isso é Brasil, não só Brasil, mas também Brasil. Não gosta? Se mude pra Inglaterra. Se você repudia a música, o ritmo, ou a letra, dê ao menos o valor merecido de um povo extremamente forte. Admiro M.I.A por ter conseguido trazer este novo olhar ao funk carioca, e abaixo, o clip Buck Done Gun, vale a pena dar uma conferida.

http://www.youtube.com/watch?v=YVX0sVMGCAo